Album: Fábio (Single, 1968)
Artist: Fábio
Tracks: 1. Lindo Sonho Delirante LSD
2. Reloginho
Segue trecho de entrevista "FÁBIO, O PROFETA DO SOUL!", realizada por Roberto Iwai.
Fábio fala sobre o compacto LSD
Você conheceu o Carlos, e aí foi só um passo para gravar o seu primeiro compacto...
Essa parte foi interessante. Chegando no Rio de Janeiro, me encantei com a cidade maravilhosa, com as praias, com as meninas... só que ele falou: "Juancito, ó, primeiro passo: você vai ter que perder o sotaque", porque eu tinha um sotaque muito forte. "Cantor com sotaque no Brasil não faz sucesso". E outra: "para você gravar seu primeiro disco, vamos mudar o seu nome".
E como vocês chegaram ao nome?
Teve uma reunião entre eu e ele, e o diretor artístico da gravadora que ele já tinha contactado. Ouviram o Juancito... "Ah, realmente, esse menino tem... e como vai ser, vamos mudar o nome dele". Cada um falou um nome... Márcio Augusto, Roberto José, Luiz não sei o que... e eu, tinha um amigo aqui que o nome artístico dele... eu achava o nome artístico dele o máximo, chamava-se Fábio Marcelo. Quem era Fábio Marcelo? Era o Herondy, da Jane e Herondy. E não deu outra, lembrei dele na hora, e falei: "Que tal Fábio?". E aí todo mundo achou... "Cara, você tem cara de Fábio! Esse nome é ótimo, você é Fábio a partir de agora."
[sobre a gravação]
Aí fomos, marcamos a primeira gravação, imediatamente marcamos um estúdio, onde escolhi algumas músicas. A música escolhida foi "Lindo Sonho Delirante", faixa A, que foi logo quando os Beatles tinham lançado um disco muito polêmico na época, onde tinha [cantarola] "Lucy in the sky with diamonds"... aí veio "Lindo Sonho Delirante", falei: "Imperial, vamos fazer uma música, 'Lindo Sonho Delirante, hoje eu quero viajar'...". Pô, o Imperial nunca tinha, nem sabia o que era LSD, mas era um cara muito inteligente e muito inspirado, e ele pegou a história. Porque o Imperial só bebeu Coca-Cola pelo resto da vida dele. Não bebia álcool, nada, nada, nada... ele era totalmente contra qualquer tipo de droga. Surgiu ali "Lindo Sonho Delirante", acompanhado pelos Fevers, e "O Reloginho" do outro lado.
E o arranjo, foi de quem?
Nós mesmos. Lá no estúdio.
Bom, saiu o disco. Saiu o compacto, e aí não teve sucesso de venda, não fez o sucesso que esperávamos, mas eu consegui cantar em todos os programas de televisão da época, todos.
E como foi cantar em todos os programas, shows da época com uma música sobre LSD?
Exatamente. Ninguém até hoje entendeu como a censura deixou passar, e o próprio sistema, os militares...
Era escancarado na capa!
Na capa! L-S-D. Podiam ter me prendido. Na verdade, na verdade, a gente queria criar uma polêmica para poder usar esse artifício, para poder alavancar. Mas ninguém ligou, ninguém se importou com nada... mas os mais espertos sacaram. Aí aconteceu o seguinte: a música tocou um pouquinho, algumas rádios tocaram, outras não... o forte foi a televisão. Até porque esse meio o Carlos conhecia bem. Aí seis meses depois a gravadora me procura para fazer o segundo disco. Fazer uma outra tentativa. Foi bom, deve ter vendido uns seis mil compactos, deu para fazer o próximo. Mas cadê o Imperial? Imperial tinha sido preso pela ditadura militar porque ele tinha mandado um postal com uma situação meio constrangedora: sentado no vaso, desejando feliz Natal para os milicos...
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